domingo, 22 de novembro de 2009

Tema: Gêneros textuais

Problema: Atualmente, muito se discute sobre o uso dos gêneros textuais, em sala de aula, e sua importância para o aprimoramento do intelecto do aluno, tanto no âmbito acadêmico como escolar. Diante disso, sentiu-se a necessidade de abordar, em sala de aula, os diferentes gêneros para que os alunos aprimorem a sua capacidade tanto de escrita como de leitura e também reconheçam a sua estrutura e funcionalidade.

Fundamentação teórica: O estudo dos gêneros textuais não é um assunto que permeia recentemente as abordagens linguísticas, pelo contrário, desde Platão considera-se uma “observação sistemática” a seu respeito (MARCUSCHI, 2008, p. 147). Contudo, atualmente, tornou-se mais evidente as pesquisas nessa área, apontando diferentes teóricos e tendências.

De acordo com Marcuschi (2008, p. 147), antigamente, quando se falava em gênero, imediatamente reportava-se à literatura, hoje, gênero passou a aludir “uma categoria distintiva de discurso de qualquer tipo, falado ou escrito, com ou sem aspirações literárias”, ou seja, toda situação de comunicação pode originar um gênero textual.

Hoje em dia diferentes áreas do conhecimento passaram a se interessar nos estudos de gêneros textuais, salienta Marcuschi (2008, p. 149):

Isso está tornando o estudo de gêneros textuais um empreendimento cada vez mais multidisciplinar. Assim, a análise de gêneros engloba uma análise do texto e do discurso e uma descrição da língua e visão da sociedade, e ainda tenta responder a questões de natureza sociocultural no uso da língua de maneira geral.

Marcuschi (2008, p. 152 e 153) faz um levantamento das tendências que, atualmente, abordam os estudos linguísticos dos gêneros textuais no Brasil:

1) Uma concepção socioconstrutivista representada por Schneuwly e Dolz e o interacionismo sociodiscursivo de Bronckart.

2) Uma concepção norte-americana mais formal pautada nos estudos de John Swales.

3) Uma concepção sistêmico-funcional da Escola Australiana de Sidney.

4) E, por último, os estudos marcados pela influência de Bakhtin, Adam e Bronckart.

Apesar de todos os estudos teóricos realizados até agora, ainda há muito que discutir e explicitar sobre gêneros textuais, principalmente no que diz respeito à sua abordagem em sala de aula.

Ainda podem-se perceber alguns equívocos com relação aos conceitos estabelecidos para gênero e tipo textual, principalmente em livros didáticos e situações do dia-a-dia.

A partir das idéias defendidas por vários estudiosos, Marcuschi (2002, p. 22 e 23) considera tipo textual sequências linguísticas não-empíricas como: narração, argumentação, exposição, descrição e injunção.gênero textual abrange todas as construções linguísticas realizadas empiricamente nas situações sóciocomunicativas, tais como: carta, horóscopo, bilhete, receita culinária, manuais de instrução, etc.

É importante ressaltar que em um mesmo gênero textual (romance, por exemplo) pode-se manifestar mais de uma sequência tipológica (narração, descrição, etc.). Também há o que Marcuschi (2008, p. 163) chama de intergenerecidade, um gênero se apropria de outro para a realização da situação comunicativa, ou seja, um texto pode ter a forma de uma receita, mas não a sua função.

A partir da observação de tantos gêneros que aparecem no dia-a-dia, percebem-se características distintas entre eles no que se refere à composição, conteúdo e estilo. Koch (2006, p. 106 e 107) descreve as seguintes características de um gênero:

[...] os gêneros possuem uma forma de composição, um plano composicional; [...] distinguem-se pelo conteúdo temático e pelo estilo; trata-se de entidades escolhidas, tendo em vista as esferas de necessidade temática, o conjunto dos participantes e a vontade enunciativa ou a intenção do locutor, sujeito responsável por enunciados, unidades reais e concretas da comunicação verbal.

Sendo assim, a cada situação sociocomunicativa, o gênero apresenta “modos específicos” (KOCH, 2006, p. 107) que reúnem conteúdo temático, propósito, estilo e comunicação. Os gêneros textuais foram chegando aos poucos nas salas de aula, muito sutilmente. Hoje, já se vê na maioria das escolas uma abordagem bem mais elaborada, e até mesmo no meio acadêmico, novos estudos e pesquisas surgem frequentemente.

A utilização dos gêneros em sala de aula é uma importante ferramenta para compreensão da linguagem. Marcuschi (2002, p. 35) destaca que fazer uso dos gêneros é “uma oportunidade de se lidar com a linguagem em seus mais diversos usos autênticos no dia-a-dia”, o autor ainda reforça que qualquer atividade linguística está vinculada a um gênero textual, portanto, é inevitável a sua abordagem pela escola, qualquer que seja o gênero.

Objetivo: Proporcionar aos alunos o contato com diferentes gêneros textuais para que compreendam as diferenças existentes entre eles e consigam entender de forma mais concisa a idéia central e a finalidade de cada gênero abordado em sala de aula.

Metodologia: Tendo como prioridade, neste projeto, o uso de diferentes gêneros, em sala de aula, foram realizadas diferentes aulas, buscando aprimorar o entendimento dos alunos sobre a estrutura dos gêneros textuais. Para esse fim, os alunos tiveram muita leitura, compreensão, interpretação e produção de diferentes gêneros textuais. Os alunos tiveram leitura de imagens com o objetivo de discutir a função das imagens nos anúncios, produziram anúncios; os alunos tiveram contato com textos argumentativos para produzirem artigos de opiniões e elaborarem um jornal informativo para a escola; leram e produziram um diário; analisaram o uso de gírias dentro do texto; estudaram a estrutura de um texto descritivo; também leram e produziram piadas, construindo um livro de piadas; estudaram o discurso direto em uma crônica, realizando dramatizações; representaram frases com ensinamentos; estudaram um conto; produziram bilhetes e declamaram poemas.

Cronograma: As atividades desenvolvidas sobre os gêneros textuais foram realizadas durante o ano letivo.

Equipe de trabalho: As atividades foram realizadas nas aulas de Português, mas com assuntos que envolvem outras áreas como Ciência, História, Religião.

Avaliação: Durante o ano letivo, pode-se verificar o crescimento que os alunos tiveram sobre os gêneros textuais, pois muitos tinham muitas dúvidas ao produzir um texto ou compreender a sua finalidade. E com as atividades desenvolvidas, os alunos puderam ter de forma mais específica as diferenças entre os gêneros. O que torna o conhecimento passado aos alunos, significativo para eles. Pois, os alunos não apenas leram diferentes gêneros textuais como também, produziram eles, o que faz com que realmente se entenda como funciona a sua estrutura e sua finalidade, tornando-se assim, atividades de grande relevância para sua aprendizagem.

Esta atividade foi retirada da unidade 8, TP2, seção 2 do avançando na prática.

Para iniciar a atividade, os alunos dos oitavos anos receberam o poema “Serão de junho” de Augusto Meyer.

Fizeram a leitura silenciosa e em seguida, cinco alunos leram o poema. Cada aluno declamou de um jeito diferente, fazendo com que os alunos percebessem várias emoções que o texto poético propicia aos leitores.

Em seguida, os alunos receberam exercícios para realizarem, esses estão na atividade 7 da unidade 8.

Após a realização dos exercícios, foram retomadas com os alunos algumas figuras de linguagem como: hipérbole, antítese, metáfora, etc.

Esta atividade foi retirada do TP2, avançando na prática, unidade 6, seção 1 e tem como objetivo conceituar e identificar a frase. Essa atividade foi realizada com os oitavos anos.

Para iniciar a atividade, os alunos foram organizados em duplas. Cada dupla recebeu um texto que consta bilhetes escritos durantes as aulas por duas adolescentes. Os alunos fizeram a leitura silenciosa e em seguida, cada dupla teve de representar o texto.

Após as apresentações, os alunos escolheram a dupla que melhor dramatizou.

Em seguida, receberam os exercícios da atividade 1, seção 1, unidade 6.

Depois, cada dupla teve de produzir um bilhete, sendo que o assunto pode ser escolhido, conforme o interesse da dupla. Para realizar essa atividade, os alunos tiveram que utilizar o maior número possível de sinais de pontuação.

Para finalizar, as duplas apresentaram, fazendo as entonações necessárias de acordo com o sinal de pontuação que aparecia no texto.

No final, os alunos escolheram a produção mais criativa e que mais tinha diferentes usos de pontuação.

Esta atividade foi retirada do TP1, unidade 4, seção 1 com o objetivo de identificar os traços da intertextualidade em nossa interação cotidiana. A atividade foi realizada com os oitavos anos.

Para iniciar, os alunos foram questionados com a seguinte frase: Você tem costume de citar ditados ou frases usados por alguém de seu relacionamento e que lhe parecem preciosos?

Em grupos, os alunos tiveram que responder ao questionamento e escrever algumas frases que já ouviram, que falam e que consideram legais por darem algum tipo de ensinamento.

Em seguida, cada grupo falou suas frases, explicando o significado desses ditados, o tipo de ensinamento que propõe e dizendo se parecem atuais, ultrapassados e por quê.

Dando continuidade, os alunos tiveram de criar, nos grupos, situações que representassem um daqueles ensinamentos por meio de uma dramatização, utilizando o assunto do seu interesse e que conseguisse fazer relação com uma das frases escritas pelo grupo.

Para finalizar, os alunos receberam o texto “A raposa e as uvas” de Millôr Fernandes e os exercícios da atividade 4 da mesma seção estudada. Essa atividade tem como objetivo estudar um pouco mais a intertextualidade.